Imagine o universo como um enorme tapete de lã, cheio de fios que se cruzam e se esticam por toda parte. Dentro desse tapete, há pontos de maior densidade, como o centro de uma cidade, onde tudo parece acontecer mais intensamente. Esses pontos são os buracos negros, que funcionam como aspiradores cósmicos, sugando tudo ao seu redor. Agora, pense em um buraco negro como um aspirador de pó gigante, que, às vezes, consegue pegar uma estrela inteira, como se fosse uma pequena bola de lã, e destruí-la em um instante. Esse fenômeno estranho e poderoso é o que os astrônomos chamam de evento de perturbação de maré, ou TDE (tidal disruption event).

Recentemente, uma equipe de astrônomos conseguiu registrar um desses eventos, batizado de AT2024tvd, e a notícia é empolgante porque, até agora, esses fenômenos eram difíceis de detectar. Como um aspirador de pó cósmico, o buraco negro supermassivo, que tem cerca de um milhão de vezes a massa do Sol, conseguiu dilacerar uma estrela que passou perto demais dele. Essa destruição gerou um clarão de luz que conseguimos observar aqui na Terra, usando telescópios especiais. Pense nisso como uma luz de advertência, uma espécie de lampejo que nos indica a presença de um buraco negro escondido, mesmo que ele não esteja emitindo radiação visível como uma lâmpada comum.

O diferencial dessa descoberta é que o buraco negro responsável por esse evento não está no centro da galáxia, como a maioria deles, mas sim fora do núcleo, como um viajante errante que se perdeu do caminho. Essa condição é bastante rara e, até então, pouco compreendida. É como encontrar um cachorro perdido na cidade, que não costuma ficar na sua casa, mas que, de repente, aparece em um bairro distante. Os astrônomos estão agora usando esses eventos de perturbação de maré para mapear esses buracos negros errantes, que, de outra forma, permanecem invisíveis para nossas ferramentas.

A observação foi feita por um projeto chamado Zwicky Transient Facility, que funciona como um grande olho no céu, usando um telescópio de 48 polegadas na Califórnia. Eles notaram esse clarão em uma galáxia a 600 milhões de anos-luz da Terra. Para entender a escala, é como olhar para uma vela acesa do outro lado do planeta, uma distância quase inimaginável. Essas descobertas ajudam a responder uma grande questão: quantos buracos negros há por aí, escondidos fora do centro das galáxias, e como eles se comportam?

A descoberta de eventos como o AT2024tvd é como encontrar pistas escondidas em um grande quebra-cabeça cósmico. Eles nos mostram que, mesmo aqueles buracos negros que parecem estar dormindo, sem emitir radiação, podem ser revelados através da destruição de estrelas próximas. Assim como um farol que acende quando há um perigo, esses clarões luminosos nos alertam para a presença de objetos que, de outra forma, permaneceriam invisíveis ao nosso olhar. Essa pesquisa não só amplia nosso entendimento sobre os buracos negros, mas também nos ajuda a montar uma imagem mais completa do universo, revelando suas criaturas mais misteriosas e silenciosas.

Fonte: Morte de estrela: clarão revela existência de buraco negro ‘errante’ – aRede – aRede | Link da fonte: https://arede.info/cotidiano/572918/morte-de-estrela-clarao-revela-existencia-de-buraco-negro-errante