A dança cósmica do encolhimento é como uma grande peça de teatro onde todos os atores, do mais quente ao mais frio, estão em constante mudança. Imagine um balão que, ao perder ar, encolhe lentamente até ficar menor. Essa é uma analogia simples para entender como planetas, luas e até estrelas mortas mudam de tamanho ao longo de bilhões de anos, devido ao resfriamento de seus núcleos internos.

No universo, tudo que tem uma estrutura sólida ou semissólida e um calor interno suficiente passa por esse processo de encolhimento. Quando um corpo celeste nasce, ele é uma bola quente de materiais diversos, onde o calor é gerado pelo próprio nascimento e pelo decaimento de elementos radioativos. Com o tempo, esse calor escapa para o espaço, e o corpo começa a esfriar. E, como uma pedra que se contrai ao ser resfriada, esses corpos também encolhem. Quanto mais metálicos forem seus núcleos, mais sensíveis a esse encolhimento, pois o metal contrai mais do que as rochas ao perder calor.

Mercúrio é um exemplo clássico dessa dança de encolhimento. Há mais de 50 anos, as missões espaciais revelaram que o planeta encolheu cerca de sete quilômetros desde sua formação há 4,5 bilhões de anos. Como? Através de escarpas lobadas, que são como rugas na pele de uma maçã velha, que se forma à medida que ela seca e encolhe. Essas escarpas sugerem que o interior de Mercúrio está se contraindo, puxando a superfície para dentro. Apesar de seu calor extremo durante o dia, seu núcleo metálico gigante, que ocupa 80% do volume, causa esse encolhimento sem que a crosta consiga se ajustar perfeitamente, formando essas marcas.

A Lua também está passando por esse processo. Desde as missões Apollo, os cientistas observaram que sua superfície está formando escarpas e falhas de empuxo, sinais de que ela também está encolhendo. Essas falhas acontecem quando uma parte da rocha é empurrada por cima de outra, como se a crosta estivesse se ajustando à contração global. Surpreendentemente, essas estruturas parecem ser relativamente jovens, indicando que a Lua ainda está encolhendo, em um ritmo que causa até terremotos lunares.

E a Terra? Nosso planeta também está nessa dança de encolhimento, embora de forma mais lenta. Com uma atmosfera mais espessa, ela consegue reter partículas e gases, mas ainda perde uma quantidade significativa de gases leves, como hidrogênio, para o espaço. A ciência estima que a Terra perde cerca de 3 quilos de hidrogênio por segundo, o que, ao longo de um ano, equivale a 95 mil toneladas – uma quantidade significativa, mas minúscula considerando a massa total do planeta. Essa perda, no entanto, é tão pequena que faz com que o raio da Terra encolha, em média, apenas 0,1 milímetro por ano, uma espessura quase invisível, como um fio de cabelo.

Então, toda essa história mostra que o encolhimento é uma parte natural do universo, uma dança lenta e constante de corpos celestes que perdem calor, contraem suas estruturas e deixam marcas na sua superfície. Seja Mercúrio, a Lua ou a própria Terra, todos participam dessa coreografia cósmica, um lembrete de que até mesmo as maiores velhas do universo estão mudando, evoluindo e, de certa forma, encolhendo com o tempo.

Fonte: Mercúrio e a Lua estão encolhendo, mas e a Terra? Entenda o fenômeno – CNN Brasil | Link da fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/tecnologia/mercurio-e-a-lua-estao-encolhendo-mas-e-a-terra-entenda-o-fenomeno/