Quando pensamos na imensidão do universo, é como imaginar uma partida de boliche cósmica onde as bolas são galáxias gigantes e a pista é o espaço infinito. Durante décadas, os astrônomos acreditaram que a nossa Via Láctea, a galáxia onde vivemos, iria inevitavelmente colidir com a sua vizinha gigante, Andrômeda, em cerca de 4,5 bilhões de anos. Essa colisão, que eles chamam de “Milkomeda” quando as duas se fundirem, seria uma verdadeira batalha de titãs cósmicos, com estrelas sendo absorvidas ou empurradas para o vácuo intergalático.
Porém, a ciência é como um GPS que às vezes recalibra a rota. Atualmente, um estudo recente publicado na revista Nature Astronomy trouxe uma surpresa: a probabilidade de essa colisão acontecer tão cedo diminuiu pela metade. Em vez de uma certeza de que o confronto épico ocorrerá em 4,5 bilhões de anos, os astrônomos agora veem essa possibilidade como mais uma aposta de cara ou coroa, com 50% de chance de acontecer dentro de 10 bilhões de anos. Para colocar na perspectiva de uma analogia simples: é como lançar uma moeda ao ar, na esperança de que ela caia na cara ou na coroa.
Para chegar a essa conclusão, os cientistas usaram mais de 100 mil simulações de computador, alimentadas por observações mais precisas de telescópios espaciais. Essas simulações mostram que, na maioria das vezes, as galáxias passarão uma pela outra a uma distância segura, cerca de 500 mil anos-luz, uma distância gigantesca, quase como uma viagem de ida e volta até a Lua, mas no universo. E só em uma pequena fração dessas simulações, a matéria escura – uma força invisível que permeia o cosmos – acaba puxando as duas galáxias para uma fusão catastrófica.
O que tudo isso significa é que o destino da Via Láctea ainda é uma incógnita. Talvez ela e Andrômeda continuem orbitando uma na outra por dezenas de bilhões de anos, em uma dança cósmica sem fim. Ou, quem sabe, eventualmente, uma delas seja consumida pelo buraco negro supermassivo no centro da outra, ou até mesmo expulsas uma da outra para o vazio do universo.
É importante entender que tudo isso acontecerá muito depois que o Sol se transformar em uma anã branca e deixar de existir como conhecemos. Portanto, a colisão de galáxias, por mais impressionante que pareça, é um fenômeno tão distante que, na nossa linha do tempo, não passará de uma história de ficção científica. O que esse novo estudo nos ensina é que o universo é ainda mais imprevisível do que imaginávamos, e que o nosso entendimento sobre o destino da Via Láctea está mais aberto do que nunca. Assim como um experimento de física simples, onde a resposta depende de pequenas variações, o futuro da nossa galáxia depende de fatores que estamos apenas começando a compreender. E isso, paradoxalmente, torna o universo ainda mais fascinante.
Fonte: Risco da Via Láctea colidir com a colossal Andrômeda diminui – UOL | Link da fonte: https://www.uol.com.br/tilt/noticias/afp/2025/06/02/risco-da-via-lactea-colidir-com-a-colossal-andromeda-diminui.htm