Imagine a Via Láctea como uma enorme cidade com ruas e avenidas feitas de fios invisíveis, que chamamos de campos magnéticos. Esses fios, ou melhor, esses “ossos galácticos”, são longos filamentos de matéria que se estendem por centenas de anos-luz, formando uma espécie de rede que mantém a estrutura da nossa galáxia organizada. Agora, pense nesses “ossos” como os cabos de uma ponte de alta tensão, que suportam toda a estrutura. Quando eles se rompem ou sofrem uma fratura, é como uma parte de uma ponte que cede, causando uma deformação na estrutura toda.
Recentemente, astrônomos da Universidade de Harvard descobriram justamente uma dessas “fraturas” em um desses filamentos longos, chamados de “ossos galácticos”. Essa estrutura, com cerca de 230 anos-luz de comprimento, parece ter uma espécie de rachadura ou quebra, que os cientistas estão tentando entender. Para isso, eles utilizam radiotelescópios, que funcionam como enormes ouvidos capazes de captar sinais de ondas de rádio emitidas por objetos distantes no espaço.
A hipótese mais intrigante sugerida pelos pesquisadores é que uma estrela de nêutrons, que é uma dessas criaturas espaciais extremamente densas e rápidas, passou por ali numa velocidade altíssima, de mais de um milhão de quilômetros por hora. Essa velocidade é tão impressionante que, ao colidir ou passar de perto de um “osso” galáctico, teria causado uma espécie de impacto, distorcendo o campo magnético que o envolve. É como uma bola de boliche batendo em uma linha de dominós, fazendo-os cair e deslocar.
Essa colisão geraria uma deformação no sinal que chega até nossos radiotelescópios, uma espécie de “rastro” ou “marca” de que algo aconteceu ali. É como se um carro passasse rapidamente por uma rua de areia, deixando marcas na superfície. Nesse caso, a marca é uma fratura na estrutura do “osso galáctico”. Esses sinais ajudam os cientistas a entenderem o que aconteceu, mesmo que eles não tenham visto diretamente a colisão.
O que torna essa descoberta ainda mais fascinante é que ela demonstra como eventos cósmicos extremos podem deixar marcas visíveis na sua estrutura, ajudando os astrônomos a desvendar mistérios do universo. Assim como um médico usa raios-X para ver dentro do corpo de um paciente, os astrônomos usam sinais de rádio para “ver” as estruturas invisíveis da nossa galáxia e entender as forças que atuam nela. Essa pesquisa é uma peça importante no quebra-cabeça de como a Via Láctea evolui e se mantém firme, mesmo diante de eventos tão violentos.
Tudo isso nos mostra que o universo é uma grande máquina cheia de peças complexas, muitas das quais só conseguimos entender com paciência, observação e um pouco de imaginação. A descoberta do “osso quebrado” na Via Láctea é como encontrar uma rachadura numa ponte antiga, que nos ajuda a entender as forças que atuam no espaço e a história da nossa própria galáxia. E é essa busca pelo desconhecido que mantém a ciência sempre avançando, revelando os segredos do cosmos passo a passo.
Fonte: Entenda o mistério do “osso quebrado” encontrado na Via Láctea – Diário do Centro do Mundo | Link da fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/entenda-o-misterio-do-osso-quebrado-encontrado-na-via-lactea/