Imagine uma grande cozinha, onde o chef está preparando um prato especial. Você, como convidado, espera que essa cozinha produza a sua própria comida, usando ingredientes locais e técnicas próprias. Agora, pense se, de repente, você percebe que essa cozinha está cada vez mais recebendo pratos prontos de outro país, apenas aquecidos no forno, e servidos na sua mesa. Essa é a preocupação que o sindicato dos metalúrgicos de Camaçari tem com a fábrica da BYD na Bahia.

A fábrica da BYD, uma gigante chinesa no mercado de veículos elétricos, foi vista por muitos como uma oportunidade de transformar Camaçari em um verdadeiro polo industrial de carros elétricos no Brasil. Afinal, a promessa era de que ali, no coração da Bahia, a produção seria própria, gerando empregos e impulsionando a economia local. Porém, há sinais de que essa história pode estar mudando. O sindicato alerta que o que se observa é um aumento na automação e uma possível intenção da BYD de transformar a unidade em um centro logístico, onde peças e veículos semi-montados vindos da China seriam apenas montados ou distribuídos, e não produzidos de fato.

Para entender melhor, pense na fábrica como uma padaria. Se ela faz pão com farinha local, fermento caseiro e assa tudo ali mesmo, é uma verdadeira padaria brasileira. Mas se ela só recebe massas pré-prontas de outro país, aquece e vende, ela deixa de ser uma padaria e vira um ponto de distribuição. A preocupação do sindicato é que a fábrica da BYD possa estar caminhando para esse segundo cenário, o que comprometeria o potencial de desenvolvimento local.

Outro ponto que reforça essa preocupação é o aumento da frota de navios carregados com veículos chineses, além do crescimento da capacidade produtiva na China. Isso indica que a tendência é de uma maior importação de veículos semi-prontos, ao invés do desenvolvimento de uma cadeia de produção nacional. A intenção de reduzir impostos para montagem de kits CKD e SKD na Bahia também levanta dúvidas, pois poderia transformar a fábrica de uma unidade de produção própria em uma mera montadora de peças importadas, o que não contribuiria para o fortalecimento da indústria brasileira.

Apesar de a BYD afirmar seu compromisso com a região, prometendo investimentos e criação de empregos, o sindicato mantém sua postura de cautela. A reunião marcada para discutir o futuro da fábrica é uma oportunidade de esclarecer esses pontos e garantir que a fábrica seja, de fato, um polo de produção e inovação, e não apenas um depósito de peças importadas.

Essa discussão é vital para a economia local e para o futuro do setor automotivo na Bahia. Assim como uma cozinha que, ao usar ingredientes locais e técnicas próprias, cria pratos únicos e sustentáveis, uma indústria que aposta na produção nacional fortalece a economia e gera empregos duradouros. Portanto, é importante que a transparência seja prioridade, para que o que seja servido na mesa da Bahia seja, de fato, um prato feito com ingredientes locais e com a essência de uma verdadeira indústria brasileira.

Fonte: Sindicato teme que BYD transforme fábrica na Bahia em centro de distribuição – Quatro Rodas | Link da fonte: https://quatrorodas.abril.com.br/noticias/sindicato-teme-que-byd-transforme-fabrica-na-bahia-em-centro-de-distribuicao/