### Onde Fica Localizado o Pico Mais Alto do Brasil?
Há uns anos, eu decidi encarar uma aventura, e escolhi nada menos do que tentar subir o ponto mais alto do Brasil: o Pico da Neblina. Só de falar o nome já dá para imaginar o clima do lugar, né? Neblina, nuvens, um ambiente misterioso… Eu estava empolgado, mas também apreensivo.
Enfim, o Pico da Neblina fica lá no Amazonas, bem na divisa com a Venezuela. É um canto tão escondido da nossa vasta Amazônia que nem dá pra acreditar. A altitude é de 2.995 metros, algo que, para a gente que está acostumado com a praia no nível do mar, já soa impressionante. O engraçado é que o tal “Neblina” não poderia ser mais adequado – o cume é quase sempre encoberto, escondido como se fosse um segredo guardado pela floresta.
Eu e meu amigo Paulo, um cara que conheci na faculdade e que compartilha essa paixão por aventuras, decidimos que era agora ou nunca. Só que não é tipo “vamos ali subir a Pedra da Gávea no fim de semana”. A coisa é séria. Para começar, você precisa de uma autorização do ICMBio. E a preparação? Nem se fala! Vários meses de treino para estar em forma.
O trajeto até lá não é brincadeira. Lembro do dia em que chegamos ao acampamento-base – parecia que estávamos em outro planeta. A floresta era tão densa e viva que quase podia ouvir as plantas respirando. Ah, e a fauna! Perdi a conta de quantas vezes ouvimos pássaros que não sabíamos nem que existiam. Algumas vezes, a gente parava e olhava ao redor, praticamente sem fôlego. Não só pela subida, mas pela beleza inacreditável do lugar.
Uma das coisas que mais me marcou foi a companhia dos guias Yanomamis. Quando eu olho pra trás, lembro das histórias que eles contavam à noite, sobre como a montanha é sagrada e representa os espíritos dos ancestrais. Foi uma lição de vida – a gente estava tão focado na conquista pessoal que quase esquecemos o significado espiritual daquele lugar. Eles têm um jeito único de ver o mundo e, por mais que a gente achasse que sabia das coisas, aqueles momentos mostraram que ainda temos muito a aprender.
O terreno é complicado, e várias vezes eu pensei, “O que é que eu tô fazendo aqui?” – principalmente quando batia aquela chuva torrencial. Não foi raridade nos vermos atolados num lamaçal enorme ou tendo que cruzar rios com correntezas bem fortes. Mas cada passo, cada metro ganho na subida, era como uma vitória.
Quando finalmente avistamos o cume, foi uma mistura de alívio e euforia. Estávamos exaustos, enlameados, mas a sensação de realização era indescritível. A vista lá do alto… nossa, é de outro mundo. Aquele momento em que você vê todo o vale tentando se desfazer da neblina, com um solzinho tímido tentando dar o ar da sua graça, é algo que vou carregar comigo para sempre.
O que muita gente não sabe é que o Pico da Neblina se destaca também pela riqueza ecológica. Vocês deveriam ver! Orquídeas e bromélias que eu nunca tinha visto na vida, sem contar as aves. E pensar que algumas dessas espécies só existem ali… é como estar num jardim secreto.
A descida foi quase tão desafiadora quanto a subida. Às vezes mais, porque o corpo já estava no limite. Mas a vontade de voltar pra casa e contar tudo isso para a família e amigos nos empurrava adiante.
Uma curiosidade: muita gente pensa que o Monte Roraima é o mais alto do Brasil. Nem é. Embora seja famosíssimo, o ponto mais alto do Monte Roraima que fica no Brasil é bem mais baixo – só 2.734 metros. Mas, olha, esse monte também é espetacular e vale a visita.
Em resumo, encarar o Pico da Neblina foi uma das experiências mais transformadoras da minha vida. Não foi só sobre chegar ao topo, mas sobre cada passo da jornada, as pessoas que conheci e as lições que aprendi. Se você gosta de aventura e tem um espírito explorador, um dia vá até lá. Só não esqueça de respeitar a natureza e a cultura de quem vive por lá. Afinal, essas preciosidades precisam ser preservadas para as próximas gerações.