Imagine uma cozinha onde o chef não apenas usa receitas tradicionais, mas também uma espécie de assistente inteligente que sugere combinações perfeitas de ingredientes, ajustando sabores e aromas com precisão científica. É exatamente isso que acontece com o primeiro vinho gaúcho elaborado com inteligência artificial, um projeto inovador que une a tradição da vinícola Casa Tertúlia à tecnologia de ponta. Essa iniciativa, apresentada na loja Tela, no Praia de Belas Shopping, é uma verdadeira revolução na enologia, demonstrando que a ciência e a coração de uma família apaixonada por vinhos podem caminhar lado a lado para criar algo único.
A Casa Tertúlia, situada em Três de Maio, no Alto Uruguai, é uma vinícola familiar onde cada membro da família desempenha um papel essencial: a mãe enóloga, a filha sommelier, o pai administrador e o filho engenheiro mecânico. Juntos, eles decidiram inovar usando a inteligência artificial, desenvolvendo um algoritmo criado pelo Gabriel Hilgert, filho da família, que funciona como um verdadeiro “guruzinho” da vinificação. Essa tecnologia não substitui o enólogo, como alguém que substitui o mestre cozinheiro na cozinha, mas atua como um assistente que fornece dados precisos para aprimorar o processo de elaboração do vinho.
O funcionamento dessa inovação é como uma análise detalhada de um prato na gastronomia: o algoritmo mede fatores físico-químicos do vinho, como álcool, açúcar, acidez, pH e antioxidantes, que são como os ingredientes e temperos de uma receita. Com esses dados, a inteligência artificial avalia e pontua o vinho, comparando suas notas com resultados de concursos tradicionais, onde jurados humanos avaliam aroma, sabor e equilíbrio. Essa comparação garante que o algoritmo esteja alinhado com os critérios sensoriais mais sofisticados.
O grande diferencial é que a IA consegue sugerir combinações e cortes de vinhos baseados em dados, ajudando a criar novos rótulos com maior precisão. Assim como um chef que experimenta novas combinações de ingredientes, a tecnologia aponta as melhores proporções para obter um vinho equilibrado e de alta qualidade. Depois, a enóloga testa essas sugestões, garantindo que o toque humano continue presente na finalização do produto. Essa parceria entre máquina e mestre resulta no que podemos chamar de enologia contemporânea, onde a ciência potencializa a criatividade e o conhecimento tradicional.
O primeiro resultado dessa união de tradição e inovação é o vinho elaborado com variedades como Marselan, Merlot, Teroldego e Cabernet Sauvignon, que recebeu uma nota de 92 pontos na avaliação sensorial, além de 90 pontos pelo algoritmo. O fato de uma vinícola familiar do Rio Grande do Sul utilizar inteligência artificial para criar um vinho de alto padrão mostra que o futuro da enologia está cada vez mais ligado à tecnologia, sem abrir mão do toque humano. Essa integração de dados científicos com a sensibilidade do enólogo representa uma evolução na produção de vinhos, tornando o processo mais eficiente e previsível, ao mesmo tempo em que mantém a essência artesanal.
Se você gosta de vinhos ou tem interesse em inovação, a história da Casa Tertúlia é uma prova de que o futuro do vinho está na combinação de tradição, paixão e tecnologia. Afinal, assim como na física de Feynman, onde simplificar conceitos complexos revela as verdades mais profundas, a enologia contemporânea busca entender a essência do vinho por meio de dados, para criar algo que seja ao mesmo tempo científico e emocional. Conhecer essa história é entender que a inovação pode transformar até mesmo uma tradição tão antiga quanto a vinicultura, levando o vinho gaúcho a um novo patamar de qualidade e criatividade.
Fonte: Existe vinho feito com inteligência artificial? | Destemperados – GZH | Link da fonte: https://gauchazh.clicrbs.com.br/destemperados/noticia/2025/05/descubra-vinho-da-serra-elaborado-com-ajuda-de-algoritmos-cma5tdzvz01ql014onfy803l1.html