Imagine uma história que parece saída de um filme de faroeste, mas que aconteceu no mundo real, envolvendo o fascinante universo das criptomoedas. Douver Braga, um empresário de Petrópolis, cidade rodeada por montanhas e história, virou protagonista de uma trama de fraude milionária com Bitcoin, uma das moedas digitais mais conhecidas do mundo. Sua história se conecta com um esquema que lembra uma pirâmide, onde as pessoas são atraídas com promessas de altos lucros, mas que, na verdade, acaba por esvaziar os bolsos de investidores inocentes.
Braga fundou o Trade Coin Clube, uma plataforma que prometia lucros altíssimos com investimentos em Bitcoin. A ideia parecia brilhante: um portal online onde os investidores poderiam acompanhar suas contas, como se fosse um banco digital, mas tudo era uma mentira bem planejada. O que parecia uma oportunidade de ouro, na verdade, era uma armadilha. Assim como um castelo de cartas que desmorona ao menor toque, o esquema dele se apoiava em uma pirâmide financeira, onde novos investidores davam dinheiro para pagar os lucros dos antigos, até que o castelo acabou caindo.
O mais impressionante é que Braga morou nos EUA por alguns anos, de 2016 a 2021, época em que realizou suas ações fraudulentas. Segundo as autoridades americanas, ele desviou pelo menos US$ 50 milhões, ou seja, cerca de R$ 260 milhões, em Bitcoin, uma moeda digital que, na teoria, é um ativo descentralizado e seguro. Mas, na prática, Braga usou esse dinheiro para seu próprio benefício, enganando mais de 82.000 investidores ao redor do mundo. Esses investidores confiavam nele, depositando suas economias em troca de promessas de retornos altos e rápidos, como um pescador que jura que sua isca é irresistível.
A Polícia Federal e o FBI trabalharam duro para desmascarar essa história. Em uma operação chamada Fantasos, eles descobriram que Braga criou um site fictício, uma fachada que mostrava atividades falsas de investimento, enquanto, na realidade, ele e seus cúmplices estavam sacando dinheiro para si. Imagine uma loja de fachada que só existe na internet, onde as pessoas acreditam estar negociando Bitcoin, mas tudo não passa de uma mentira. Quando os investidores perceberam que não conseguiam sacar seus fundos, o esquema se desfez em 2018, deixando muitos com as mãos vazias.
A extradição de Braga para os EUA aconteceu em fevereiro, após sua prisão na Suíça. Lá, ele enfrenta acusações de fraude que envolvem cerca de US$ 290 milhões, algo como R$ 1,6 bilhão. As autoridades americanas o acusam de liderar um esquema que atualizou a clássica pirâmide financeira, conhecida como esquema Ponzi, usando a novidade do Bitcoin para parecer mais moderno e sofisticado. Ele tentou se declarar inocente, mas o peso das provas pode lhe dar uma sentença de até 20 anos de prisão.
Essa história é um lembrete de que, no mundo das criptomoedas, nem tudo que reluz é ouro. Assim como em uma pirâmide, se você não conhece bem o que está por trás, pode acabar no topo, mas também na queda. A fraude de Braga mostra que, por mais que o universo digital seja cheio de promessas de liberdade financeira, é fundamental manter os pés no chão, questionar e buscar informações confiáveis. Afinal, o Bitcoin, assim como qualquer outro ativo, só vale o que as pessoas estão dispostas a pagar por ele, e golpes como o dele só reforçam a importância de entender bem onde estamos investindo nosso dinheiro.
Fonte: Quem é o alvo da PF preso nos EUA por fraude de R$ 1,6 bi com Bitcoin – Metrópoles | Link da fonte: https://www.metropoles.com/colunas/fabio-serapiao/quem-e-alvo-da-pf-preso-nos-eua-por-fraude-de-r-16-bi-com-bitcoin