Explorando as estrelas com um olhar artístico: a jornada do astronauta Don Pettit

Imagine-se sentado numa sala com uma janela gigante, onde o céu e o espaço se encontram. Agora, pense que, ao invés de uma vista comum, você tem uma janela que mostra o universo em toda a sua beleza e complexidade. É exatamente isso que Don Pettit, o artista das estrelas, conseguiu fazer durante suas missões espaciais. Aos 70 anos, ele se tornou o astronauta ativo mais antigo da NASA e, com sua câmera na mão, transformou a órbita em uma galeria de arte celestial.

Don Pettit não era apenas um explorador de fronteiras tecnológicas, mas também um mestre em capturar a essência do cosmos através da fotografia. Enquanto muitos de nós ficamos maravilhados com as estrelas, Pettit tinha uma vantagem: ele podia registrar esses momentos de beleza que, para a maioria, seriam apenas sonhos ou imagens distantes. Ele descreve o ato de fotografar no espaço como uma mistura de ciência e arte. É como se fosse um pintor que, ao invés de pincéis, usa câmeras e lentes para criar suas obras, aproveitando a velocidade da estação espacial — que circula a Terra a impressionantes 8 quilômetros por segundo — para transformar o movimento em linhas de luz e formas encantadoras.

A sua paixão por capturar fenômenos naturais no espaço é comparável a alguém que, ao observar uma tempestade, tenta registrar cada relâmpago com uma câmera. Pettit montava múltiplas câmeras ao mesmo tempo, usando dispositivos que ele mesmo adaptou, como rastreadores siderais, que compensam o movimento da estação para obter imagens cristalinas de estrelas, auroras e até da Via Láctea acima de um oceano pacífico nublado. Essas fotos não são apenas registros visuais, mas verdadeiras obras de arte que unem ciência e estética, mostrando o espaço como uma tela infinita de cores e formas.

Suas capturas de auroras, por exemplo, revelam as pulsações ritmicas de luzes brilhantes que dançam na atmosfera, fenômenos que ele descreve com entusiasmo na plataforma social X. Algumas dessas luzes, surpreendentemente, são produzidas por atividades humanas, como as luzes usadas por pescadores na Tailândia para atrair lulas, criando uma ponte entre a tecnologia e a natureza. Além disso, Pettit registrou relâmpagos na atmosfera superior da Amazônia, transformando flashes em imagens com detalhes surpreendentes, graças a exposições mais longas que capturam a essência dessas manifestações atmosféricas.

Seu olhar artístico também se estendeu às próprias naves espaciais, capturando o lançamento de um foguete Starship e a chegada de uma nave Dragon, ambas da SpaceX. Para Pettit, cada uma dessas fotos é uma narrativa visual, uma conexão entre o espaço e a Terra que ele deseja compartilhar com o mundo. Sua curiosidade é insaciável, e ele criou experimentos científicos que só podem ser realizados no espaço, como gotas de água dançando ao redor de uma agulha de Teflon ou padrões cristalinos em lâminas de gelo, que parecem obras de arte natural.

Mas o que torna essa história ainda mais inspiradora é a trajetória de Pettit. Ele é o astronauta mais velho atualmente na NASA, mas já quebrou recordes antes, como o de John Glenn, que voou ao redor da Terra aos 77 anos. Pettit brinca que, com 70 anos, ainda tem muitos voos pela frente, mostrando que a idade é apenas um número quando se trata de explorar o universo.

A história de Don Pettit é uma prova de que a ciência, a arte e a curiosidade humana estão interligadas. Sua paixão por fotografar as estrelas e as auroras nos lembra que, mesmo em meio a tecnologias avançadas, é nossa capacidade de apreciar a beleza do cosmos que nos faz verdadeiramente humanos. Como ele mesmo diz, o espaço é uma galeria infinita, e ele só quer ser o artista que captura sua beleza para que todos possam ver. Com isso, Pettit nos inspira a olhar para o céu com olhos de artista e a nunca perder de vista a maravilha de explorar o desconhecido.

Fonte: 1 astronauta, muitas câmeras e 220 dias de imagens incríveis do espaço – Folha de S.Paulo | Link da fonte: https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2025/05/1-astronauta-muitas-cameras-e-220-dias-de-imagens-incriveis-do-espaco.shtml